A região do Planalto Sul é conhecida por seu grande potencial na agricultura, com destaque para Campos Novos que é o maior produtor de grãos do estado de Santa Catarina. Porém, para o sucesso das lavouras é preciso muito mais que mão de obra e maquinário, é preciso também a contribuição da natureza, fato que esta além da vontade humana. Pois bem, nesta estação de verão as chuvas estão bem escassas na região e causando preocupação aos produtores. Na última semana alguns municípios como Abdon Batista, Vargem e Campos Novos decretaram situação de emergência devido a estiagem que já contabilizam perdas que chegam a milhões.
A estiagem, ou seca, como alguns preferem, é um problema comum e constante principalmente na região Nordeste que tem um longo histórico de secas. Na região Sul esta situação vem aos poucos assustando os produtores, pois a estiagem provoca muitos problemas para a população e para o meio ambiente. A diminuição do volume de água nos rios é uma das mais graves conseqüências da falta de chuva. Pancadas de chuva já aconteceram, mas não suficientes para causar ânimo e reverter a situação.
O município de Vargem divulgou um Relatório elaborado pela Epagri que apontou perdas de R$ 7.003.850,00 com a estiagem. O levantamento foi feito a partir dos dados comparativos dos meses de 26 de novembro de 2019 até 08 de janeiro de 2020. Neste período as chuvas diminuíram significativamente em relação à média histórica, que juntamente com a influência de temperaturas elevadas, levaram às condições de perdas nas atividades agropecuárias. Houve a ocorrência de temperaturas máximas acima dos 30 graus e umidade relativa mínima abaixo de 40% em muitos dias. As principais atividades afetadas pela estiagem foram: milho (40%), feijão (15%), soja (15%), fumo (18%), moranga cabotiá (50%), pecuária de leite (22%) e de corte (15%). As perdas foram apuradas à campo.
Se o clima não contribui, ações são pensadas para tentar amenizar danos, é o que vêm fazendo alguns desses municípios, como é o caso de Abdon Batista que somou cerca de R$ 10 milhões em perdas. O secretário de agricultura do município, Juliano Mecabo, comentou os danos e o que tem sido feito para ajudar os produtores. “Estamos desde novembro trabalhando essa questão que tem afetando a maior parte dos municípios da região. As chuvas não estão sendo significativas nesta época. O Poder Público está trabalhando com horas máquina para fazer bebedouros nas propriedades rurais, está tentando ampliar as redes de abastecimento de água e serão compradas caixas de água para aumentar a capacidade de armazenagem. Em algumas comunidades estamos fazendo racionamento de água, em algumas propriedades estamos puxando água para animais com caminhão pipa para amenizar os prejuízos ao produtor”, declarou Juliano, afirmando que a há grande expectativa para que as chuvas aconteçam. “Tivemos em janeiro uma chuva de 50 milímetros, mas a média esta abaixo do esperado. A água esta escassa, as vertentes estão secando. Nossa expectativa é que chova logo para normalizar essa situação, mas o prejuízo na agricultura é grande e já começamos a racionar para ter água para necessidades básicas”, prosseguiu.
Em Campos Novos a situação segue da mesma forma com alto registro de prejuízo, sendo apontadas as culturas de milho, soja e feijão como as que mais foram prejudicadas pela estiagem. O secretario de agricultura João Batista de Almeida afirmou que as ultimas chuvas foram benéficas, mas que não resolvem o problema do município. “As chuvas que caíram nos últimos dias ajudaram bastante, mas o clima ainda continua muito seco, então o decreto esta valendo de situação de emergência. Para amenizar este problema levamos água ate os locais. O maior prejuízo é financeiro”, destacou o secretário.
Assim como a agricultura, a pecuária também sente os efeitos do clima seco. Criadores de gado vão sentir os efeitos da estiagem, pois afeta diretamente na alimentação do animal. A pouca água também pode afetar a saúde do rebanho. A água limpa é importante, se não estiver em condições adequadas ou for insuficiente pode trazer problemas no melhoramento do plantel. Outra situação que pode acontecer é o atraso no apronte dos animais para o abate.
O gado que se aprontaria nas pastagens de verão vai ficar para mais tarde e talvez precise utilizar as pastagens de inverno. Se tão logo a situação das chuvas não melhorar, os produtores somarão ainda mais prejuízos e financeiros. Neste caso, requer aos produtores e Poder Público iniciativas e estratégias que amenizem ao máximo os efeitos negativos dessa estação.
(Fonte: Jornal O Celeiro)